quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O amor é tudo que temos!!

Eu não te amamentei.
Eu não saí da maternidade com você em meus braços.
Eu nunca coloquei nenhuma roupinha em você.
Não dei banho.
Não montei seu quarto.
Não carreguei no colo.
Não abracei.
Não vi seu sorriso.
Não consegui ver você por completo no ultrassom a partir da 13º semana.
Não fiz um monte de coisas...
Sabe filho, o amor é tudo que temos!!!

sábado, 10 de outubro de 2015

Agradecimento

Agradeço pela oportunidade de ser mãe.
por  ter carregado um filho durante 33 semanas.
por ele não ter morrido dentro de mim.
por ter sido avisada sobre sua má formação e sua morte desde as 17 semanas de gestação.
por ter descoberto que meu filho era um meninão quatro dias antes dele morrer.
pelos 35 minutos de vida dele.
por carregar, beijar, acariciar seu rosto e ver seus olhos abertos.
por poder dizer algumas palavras que estão eternamente gravadas em mim.
pelo quarto cheio de visitas depois de sua morte.
por todos os telefonemas que recebi.
pelo enterro mais sereno que já fui.
pelo amor verdadeiro da minha mãe, principalmente, durante os últimos quatro meses.
pelo Kleber e seu companheirismo e amor. E, claro, por chorar e enxugar minhas lágrimas todas as noites.
pelo Gordo (esse buldogue da foto), que mesmo tendo ficado pouco tempo, cumpriu sua missão canina de me alegrar pelos meses mais difíceis da minha vida.
pelo amparo espiritual e físico.
pelo amor.
e por aprender a agradecer...todos os dias.

Por quê, junto ou separado?

É impossível passar pela morte de um filho e não questionar Deus, mesmo que por alguns segundos.
Não perguntar por quê? Não perguntar a causa?
É impossível não fazer comparações: com mães, com outras grávidas, com outras histórias de vida...
Sempre tem gente pior. Mas sempre tem gente vivendo algo que eu queria viver...
E as perguntas vieram.
E as idiotices da mente também: a culpa, o remorso, as brigas, o ódio de mim,  a raiva da vida...
A mente que mente.
Vieram também a cobiça, a inveja...Sim, eu sei, é feio.
Mas eu não posso negar que em algum momento do luto eu cometi esses e outros pecados capitais...
Fiz promessas, trocas com Deus...mas nada mudou a minha realidade.
Me achei boazinha, me achei má, forte e, na maioria das vezes, fraca.
Veio o questionamento de onde Deus estava no momento da minha dor.
Como ele permitiu tamanho sofrimento em minha vida?
E as perguntas, os porquês, para quês inundaram minha mente, meu coração...e até me sufocaram evocando, inconsequentemente, choros desmedidos e soluços incontroláveis,
Mas depois que cessam as perguntas e as respostas concretas não chegam...só nos resta criar as nossas respostas. E eu criei as minhas.
E, agora, caminho com fé, tentando aceitar que há algo muito maior que minha inteligência não consegue enxergar.
Foi para crescer? Sim! Mas não tinha outro jeito? Não sei...
Talvez um dia eu encontre as respostas.
Enquanto isso vou lutando com Deus, ficando manca e, mesmo assim, pedindo a benção...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dois meses no dia dos pais

Um dos grandes sonhos de todo homem apaixonado por futebol é passar sua paixão pelo time para seu filho. Meu pai fez isso comigo. E com o papai do Samuel não era diferente. Desde que soube da minha gravidez ele sonhava o dia que levaria nosso filho ao estádio. E como temos paixões diferentes, meu sangue é azul e o dele preto, as brincadeiras e desejos eram distintos, quase uma guerra entre EUA e Iraque(rsrsrs). Eu queria que o Samuel fosse cruzeirense igual o vovô, os titios, mas o Papai Kleber  desejava o oposto. E aí veio o nascimento e a morte do nosso filho...Passado algumas semanas do melhor/pior dia de nossas vidas, Kleber foi ao estádio do Mineirão ver o jogo do Galo(o time dele ganhou), mas ele voltou com os olhos inchados...E eu chorei, chorei, chorei muito, pois eu sabia o motivo das lágrimas. Aquele sonho não seria possível. Então, naquele dia eu decidi qual presente eu compraria para ele: uma camisa do clube atlético mineiro com o nome do Samuel. Assim, ele poderia levá-lo para o estádio, mesmo que de uma forma simbólica.

Kleber , obrigada por estar ao meu lado nestas 33 semanas e 35 minutos de vida do nosso filho,. Você foi e é um grande pai, mesmo sem o nosso filho em seus braços. Samuel te ama e é grato por seu amor. Nosso camisa 9...nosso Samuel Eto'o, dia 9 de junho, 9 de agosto...dois meses em que morremos e renascemos!!! 

P.S: Então, como deve ser o vovô cruzeirense quem esta cuidando do Samuel, no plano espiritual, pode ser que ele mude de ideia hem!!! Te amamos!!!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Mortes e renascimentos

Para cada relação de amor duradoura, um terceiro parceiro se faz presente nessa união, quer queiramos ou não. Esse terceiro é justamente: A Morte. Contudo, a morte não no sentido mal como é vista pelas pessoas...Falo da morte, no sentido que, as vezes, algo precise morrer, ou melhor, um ciclo precisa fechar para que outro surja.

E isso esta acontecendo comigo...existem vários ciclos em nosso relacionamento que estão morrendo dentro de mim...

Em nossa relação passei muitos anos querendo que minhas ilusões, expectativas sobre você, sobre mim e sobre nós permanecesse sempre lindo, o casal perfeito. E neste tempo sofri muito...Quis forçar o amor somente no seu aspecto positivo. Mas amar significa emergir de um mundo de fantasias para um mundo real, onde o amor duradouro é possível. Amar significa ficar com, mesmo quando cada célula manda fugir. E nossa tendência é fugir dos relacionamentos no momento em que verdadeiramente conhecemos o outro, quando vemos seus limites e suas fragilidades ou mesmo quando o prazer sexual diminui. Mas é nessa hora em que algo precisa morrer – nossas ilusões – para que o novo possa nascer: o verdadeiro amor. E é nesse momento também que perdemos a oportunidade de demonstrar coragem e de conhecer o amor.
Quando num relacionamento amoroso, por ventura, chega o momento onde as coisas ficam complicadas, embaraçadas, receamos que o fim esteja próximo. Isso é um equivoco. As vezes é só um ciclo que precisa morrer!
O amor em sua plenitude é uma série de mortes e de renascimentos. Deixamos uma fase, um aspecto do amor e entramos em outra. A paixão morre e volta, a dor é espantada para longe e vem à tona mais adiante. Amar significa abraçar e ao mesmo tempo suportar inúmeros finais e inúmeros recomeços – todos no mesmo relacionamento.
Há 12 anos nos tornamos conhecedores das mortes necessárias e dos nascimentos surpreendentes que criam o verdadeiro relacionamento amoroso.E eu espero que mesmo com enchentes em casa, traições, mentiras, secas, recém-nascidos, natimortos e cachorros possamos estar sempre juntos:...Pois amar é aprender os passos! 
Vamos juntos esquecer tudo que passou e construir um novo começo? Eu estou fazendo isso...vamos juntos?
A única confiança necessária é a de saber que, quando ocorre um final, vai surgir um novo começo...Já tivemos vários finais e, agora, que recomeçar...
Te amo!!!

terça-feira, 7 de julho de 2015

Depois de ter você...

Um mês!
Eu pensei que não sobreviveria, mas aqui estou.
Teve dias que pensei que não conseguiria levantar da cama.
Mas aí vieram os recadinhos de amor dos amigos, as ligações e as visitas.
Teve flores, cesta de chocolate e bolinhos.
Teve também os inúmeros cafés da manhã na cama da vovó.
Muitos abraços...mega abraços...daqueles de tirar o pé do chão.
A lembrança do seu olhar, do seu soluço e do nosso amor.
E quando tudo estava tão nublado veio o Gordo e suas bagunças.
Os recadinhos de Deus, as deuscidências de consolo.
As conversas com a terapeuta.
O grupo presencial e online de mães que viveram o mesmo que nos.
O culto no Lar, o estudo do Eurípedes.
O retorno do nosso trio de amigas: Pam e Lydi!
A trilha sonora de todas as tardas regadas de Marisa Monte, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Cidade Negra e até Raça Negra.
Teve um caminhão de leite e o amor do Odete Valadares. E a Eva que recebeu seu leite...
Como foi simbólico doar seu leite para a Eva!
Teve "Scandal", livro de colorir, mandalas e os textos que escrevi pra você aqui no blog.
E a cada pensamento baseado no "e se" muitas, muitas lágrimas...
E teve sonhos, insonias, pesadelos.
Em um mês o mundo perdeu a sua beleza, sua cor e sua alegria.
Mas ele também ficou mais cheio de compaixão, empatia pela dor do outro e gratidão.
E foi tanto, tanto carinho.
E teve "bom dia" todas as manhãs para você: bom dia amor da mamãe!
E um amor transbordante.
Porque de verdade Samuel:  o amor é tudo que temos.




segunda-feira, 6 de julho de 2015

O que aprendi com o Samuel...

Aprendi que existem os meus sonhos, mas maiores do que eles, existem os sonhos de Deus pra mim.
Aprendi a sonhar menos, planejar pouco e  viver mais.
Não existe conto de fadas, amor ideal, casal ideal, família perfeita...a vida de verdade é cheia de problemas, medos, mortes, angustias...e o mais lindo delas é buscar alegria e amor mesmo assim.
Aprendi a admirar o papai(Kleber) e ver suas tantas qualidades e, principalmente, seu amor por mim, do jeito dele e não do meu.
Aprendi a entender melhor a dor do outro...a ter empatia e compaixão para com o próximo, principalmente, nos momentos difíceis.
Aprendi a ser mais forte e ao mesmo tempo ser fraca e frágil, e o melhor, sem me culpar por isso.
Aprendi que não tenho controle.
Aprendi a perceber que o que importa nesta vida é "invisível aos olhos"
Aprendi a ser mãe, ou seja, amar alguém mais do que eu mesma. E ser capaz de dar minha vida por ele, se fosse possível.
Aprendi, de verdade, a entender que a morte não existe.
A viver um dia de cada vez.
E ainda estou aprendendo a ter fé, em sua mais pura concepção.

Conversa com o Tempo...

não tem sido fácil gostar de você...
acho que nunca gostei...
eu queria mesmo, de verdade, mandar em você...
te controlar...
voltar no tempo, prolongar o presente, ir para o futuro.
eu queria mesmo, mesmo? mais 15 minutos, 35 minutos, 33 semanas...
escolhas diferentes, ser mais paciente, saber esperar...
viver cada dia de uma vez...
saber aceitar as horas, os minutos e até os segundos...
maldita ansiedade, malditos sonhos, projetos, planejamentos.
Eu não controlo nada.
todos dizem que o tempo cura,..
mas o que me importa saber "que horas são?Se faz frio ou faz calor?"
talvez eu não ligue mais pra você..
mas, talvez, só você cure minha dor...
pode ser que um dia eu te agradeça...mas não hoje.
vou deixar você me dizer...







quarta-feira, 1 de julho de 2015

Depois de ter você... Três semanas sem você

Depois de ter você,
Para que querer saber que horas são?
Se é noite ou faz calor,
Se estamos no verão,
Se o sol virá ou não,
Ou pra que é que serve uma canção como essa?
Depois de ter você, poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas,
Para que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter você.
Autora: Adriana Calcanhoto 

https://www.youtube.com/watch?v=WDh-BNQftM8

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nascimento do Samuel - 33 semanas e um dia

Madrugada de segunda para terça-feira, 9 de junho de 2015, mamãe começa a passar mal, sentir dores fortes na região abdominal. Em um primeiro momento ela pensa que é apenas uma dor de barriga. Levanta, deita, senta, anda....a dor vai e volta, dura segundos.
Volta para cama e tenta dormir, cochila, mas as dores vão e voltam...
Um leve sangramento de cor rosa aparece, mamãe fica muito preocupada. Papai levanta em alguns momentos pergunta se esta tudo bem? E diz para mamãe tentar dormir..
Despertador toca as 7h hora do Papai ir trabalhar. Ele pergunta se esta tudo bem? Mamãe não quer preocupa-ló diz que sim, e que pode r trabalhar e que caso as dores continue ela liga pra ele.
Assim que ele vai para o trabalho, mamãe telefona para vovó e  relata o que está sentido. Vovó acha que devem ser contrações... Em seguida, mamãe liga para tia Pamella, amiga médica, e comenta o que estava acontecendo. Ela acredita que devo estar em trabalho de parto e manda a mamãe ir imediatamente para o hospital.
Já desligo pensando em ligar para a vovó, mas ela nem esperou, já voltou do trabalho para casa  e esta subindo as escadas desesperada.
Pego uma camisola, um chinelo, uma escova de dente e duas calcinhas...ainda não tenho certeza se estou em trabalho de parto, podem ser apenas cólicas.
Suas roupinhas de maternidade (sim, eu tenho esperança, lembra?) estão todos na casa da madrinha Fátima. Ela ficou de lavar e passar tudo. Mas ainda estamos com 33 semanas, acho que ainda não esta na hora(penso naquele momento).
Partimos rumo ao hospital Octaviano Neves, não sei bem se devo ir para lá, mas é a única referência que tenho. Lembra da última vez que fomos parar lá?Com 27 semanas? Ainda não era a hora...mas desta vez o corpo quem esta dizendo, na última foram os médicos que disseram.
Chegamos por volta das 9h20 da manhã preenchemos as fichas e aguardamos o médico de plantão. Quantas grávidas, quantos nascimentos parecem que vão acontecer naquele hospital hoje...será que chegou o nosso dia? Vovó me lembra que hoje e aniversário do titio Tico, será que você vai nascer no dia do aniversário dele? Vai ser uma alegria, não acha?
As cólicas, ou melhor, as contrações pioram cada vez mais. Duravam em torno de 10 a 15 segundos em um curto espaço de tempo, que não consigo ter certeza, se são 10 minutos, as vezes 15, as vezes 6 minutos.
É uma cólica forte, ao mesmo tempo, eu sentia umas fisgadas na vagina...É uma alivio quando passa, parece que nada aconteceu. É uma dor suportável (falando uma semana depois), mas na hora parecia ser insuportável.  Mas passa!
A enfermeira mede minha pressão e faz algumas perguntas e me encaminha para o ultrassom.
Esperar o ultrassom foi muito dolorido, as contrações pioraram e as horas pareciam não correr.
Neste tempo de espera recebo a ligação da amiga Ruth do IES, Grupo Espírita do Rio de Janeiro que tem feito a distância um tratamento espiritual em mim e em você, ela me diz para ficar calma e relaxar quando vier as contrações. Diz ainda que esta orando por nós.
No ultrassom o mesmo de sempre: a megabexiga e a falta de liquido aminótico. O médico disse que não tinha nenhum, nenhum liquido...Ele olha, olha e o ultrassom parece demorar uma eternidade.
Desta vez ele não me mostra você...
Com o ultrassom nas mãos volto para esperar o médico de plantão...fico feliz de ser atendida por uma médica grávida de nove meses...acho que ela vai entender meus medos e minhas angustias.
Ela me examina, diz que está na hora, que já consegue sentir seu pezinho, ou seria, o cordão umbilical? Descubro posteriormente que neste momento eu tinha cinco centímetros de dilatação.
Sim é a hora...meu coração dispara, mas, ao mesmo tempo, vem uma tranquilidade, uma serenidade que eu nem sei de onde é?
A enfermeira tira minha roupa, coloca o avental, me coloca numa cadeira de rodas. E manda a vovó ir na recepção preencher minha fica.
Ligo pro Papai, mas ele não atende, esta desligado(Como eu queria falar com ele)...mando uma mensagem pelo watsapp: está na hora! Vem para cá!...A médica diz que acha difícil ser parto normal, diz que vai conversar com um outro médico antes de decidir.
Eu digo a ela que a única coisa que eu quero e te ver: vivo ou morto, bonito ou feio. Mas que meu grande sonho é ver você vivo, nem que seja por alguns instantes.
Eu ligo para a terapeuta Liliane, mando mensagem para a Ruth do IES, para a Paulinha e Erika. E telefono para tia Pamella, comento sobre a possibilidade da cesariana...não consigo dizer mais nada, a enfermeira pede o telefone, minha mãe me dá um beijo e minha abençoa. E  hora de tirar a aliança.
Subo no elevador acompanhada da enfermeira que diz para eu ficar tranquila.
Mas eu estou!
Sou transferida para uma maca e levada para a sala do parto, fico sozinha por alguns segundos, e olho tudo em volta e oro, peço a Deus proteção, peço para cuidar de você, sinto a presença do vovó Aldair... E entrego!!!
A enfermeira volta, chega o anestesista...ainda não sabemos se vai ser cesariana ou não.
Tomo a primeira analgesia, uma picada forte na coluna...
Pamella chega, se apresenta como médica e como minha amiga.
Como é bom ver alguém que ama naquele momento.
A médica sobe diz que eles vão tentar fazer um parto normal...fico feliz, aliviada. Ela diz ainda que é para eu ir para sala de pré-parto e que vai colocar um ocitocina no meu soro.
Vamos para sala de pré-parto, titia Pamella esta comigo e comenta sobre a vida, trabalho. Mamãe consegue distrair e relaxar um pouco.
Pamella diz que papai ja chegou e que esta com a vovó lá embaixo na recepção. Eles vão subir na hora do parto...
Fico mais tranquila.Vovó e Papai estão nervosos, melhor tia Pamella ficar aqui. Ela conversa de igual para igual com os médicos. Além disso, ela explica a sua situação para cada um deles e a mamãe não precisa ficar repetindo as palavras: megabexiga, osmoralidade alta, rins não funcionando...e malformação.



O RENASCIMENTO

Passado um tempo as contrações voltam, minha perna treme e digo que estou sentindo muita dor.
Titia Pamella chama o anestesista e ele me aplica mais um pouco de analgesia.
Alivia um pouco as contrações, mas de repente sinto algo estranho entre as pernas.
Falo com a titia Pamella e ela diz que é cordão umbilical que está para fora.
Ela chama com rapidez a enfermeira e os médicos.
Um batalhão me socorre, levando minha maca para sala de cirurgia.
No caminho para sala, escutam seu coração...parecem nervosos e aflitos.
Mas a mamãe esta calma, apesar do coração acelerado.
Tiaia Pamella comenta o seu caso com a pediatra que acabara de chegar, Doutora Rita.
Eles mandam eu fazer força, segura na maca...força, força...um médico pressiona minha barriga para baixo, empurrando você.
Me sinto esgotada e sem forças, mas continuo fazendo forças, buscando forças não sei de onde.
A enfermeira grita não para continua fazendo força....
Vejo algo saindo de dentro de mim...sinto uma dor forte, como se tivesse me rasgando, e um alivio quando percebo que sua cabecinha Samuel saindo.
Estou ofegante....
Papai adentra na sala de parto nesta hora. No momento que eles acabaram de tirar você de dentro de mim e cortam seu coração umbilical...Ainda estou ofegante, olhos arregalados e coração muito acelerado. Só consigo olhar para o lado direito e ver a pediatra te examinando...Meu amor como é bom te ver de verdade...
Respiro e pergunto se você esta vivo: A pediatra diz que sim, que seu coraçãozinho esta batendo. Ela pergunta se sabemos o sexo e se já tem um nome: Mamãe diz que sim: Samuel!
E a pediatra, de uma forma muito gentil, diz: Eu te batizo Samuel.
Ela diz que esta acabando te examinar e que já, já vai te colocar em meus braços.
Mamãe esta paralisada te olhando, um misto de emoções invadem meu peito, meu coração.
A pediatra levanta minha camisola coloca você em meu peito.
E eu choro...choro...choro!
E eu te olho e te digo: - "Ei amor da mamãe".
Você suspira, parece buscar ar...só um olhinho aberto que me olha...
Titia Pamella pega uma cadeira pro Papai que, claro, também esta chorando...
E o mundo para completamente...eles me perguntam algo, mas eu não escuto...(no vídeo dá para vê que eles me perguntam algo três vezes)...mas eu estou completamente paralisada. Encantada com você ali...como esperamos este encontro.
Quando você veio para o meu colo, ele colocaram uma fralda te cobrindo.Depois de alguns minutos eu levanto para vê: sua bexiga está para fora, seus pés e pernas são tortos, apenas um olhinho esta aberto...mas nada importa, se algumas vezes fiquei com medo de como seria te ver com muitos problemas físicos, naquele momento nada importava, você era lindo meu amor...lindo!
E pela primeira vez eu entendo os médicos e o que eles diziam quando falavam que era um milagre você estar vivo com 33 semanas de gestação.
Você era um guerreiro, que lutou muito para viver...nem que seja para despedir da gente.
Papai me mostrou sua boca, sobrancelha, cabelo....tudo parecia com o papai. Como pode? Haaaaaaa mas os dedões eram da mamãe, viu? Iguais os do vovô Aldair.
Eu disse várias coisas em pensamento à você: eu dizia que eu te amava, que eu nunca te esqueceria e cantarolei a música do Djavan para você "Te quero mais que tudo, tudo, tudo...te amar sem limites...viver uma grande história"
Em voz alta eu disse: "Amor da mamãe, nos te amamos muito. A cura que queremos para você é a espiritual. Eu vou te amar para sempre".
Enquanto você estava no meu colo, a pediatra te examinava, ouvia seu coraçãozinho.
Papai lembrou de pedir a tia Pamella para tirar fotos e até filmou você no meu colo.
Mamãe sem forças e com as pernas dormentes não conseguia levantar para te beijar. Mas ela conseguia beijar seus pés, acarinhar seu rosto e dizer que te amava.
Papai chorava e perguntava a mamãe se estava tudo bem, se eu estava sentindo dores.
Enquanto você estava no meu colo: o médio, Dr. Northon, apertava minha barriga, tirando a placenta que ainda estava dentro de mim, e depois me costurou e eu não sentia nada, o mundo realmente parou.
Acho que depois de uns quinze minutos de você comigo, sentindo meu calor, e mudando sua cor de azul para cor de pele...a pediatra disse que deveria te levar para a incubadora para te dar um pouco de calor...eu disse que concordava e que eu queria muito que a vovó te conhecesse, ainda vivo.
Então ela pegou você no meu colo e antes de sair, deixou que eu te desse um beijo, aquele que eu não consegui dar em sua cabeça e te abençoar...o último beijo! E eu repeti: Eu te amo filho!



terça-feira, 16 de junho de 2015

Um sonho e uma doula no meio do caminho...

Mamãe acordou na segunda-feira pela manhã contando para o Papai e a vovó sobre o sonho que tivera: Estava no Grupo da Fraternidade Irmã Ló e recebeu da Cidinha uma orientação por escrito. Eu não me lembro direito o que mais aconteceu no sonho, só lembro da orientação em que estava escrito a semana do seu nascimento, eu vi um 38 e um 39...não havia o dia exato, mas foi o que a mamãe conseguia lembrar e decifrar do sonho.

Meu comentário naquela manhã foi que estávamos junto com a espiritualidade decidindo o melhor momento, ou melhor, acho que eles estavam tentando nos convencer...(rsrsrs) Será que era isso? Eu sei que é bem louco...

Externamente o dia começou feliz com um café da mãe super gostoso com a Tia Paulinha e titia Erika no Verde Mar do Diamond, em seguida mamãe teve uma reunião com um futuro cliente. No trabalho algumas pendências para resolver, mas tudo dentro da normalidade.

Uma lembrança muito feliz é que neste dia eu cheguei toda sorridente na PESSOA e fui na sala de cada um(Atendimento, Relacionamento e Financeiro) esticando o barrigão e dizendo: "Prazer este é o Samuel. Descobrimos na sexta-feira".  Em resposta muitos sorrisos e parabéns dos amigos da PESSOA!

Lembra que a mamãe abriu o site do laboratório buscando o exame inesperadamente, pois ele só ficava pronto no dia 10 de junho e ficou pronto cinco dias antes? Quando abri o site Eu estava na PESSOA Comunicação e fui para o banheiro chorar  e chorar de alegria...Mas acabei não contando para ninguém naquele momento, pois queríamos que o Papai fosse o primeiro a saber. Não é?

Mas voltando para segunda-feira, ressalto que a mamãe estava muito feliz, mas também agitada, acho que por causa do sonho, ou seria uma intuição? Eu estava pensando a todo momento sobre o parto. Como seria? Com quem seria? Já que nossa médica não estava mais fazendo parto... Será que o médico plantonista entenderia o seu caso? Será que eu poderia ver você vivo ou morto?

Foi então que mamãe se lembrou da terapeuta, Liliane, e da última "consulta". Ela aconselhou a mamãe a esvaziar a mente, cheia de pensamentos e dúvidas,  e recomendou que fizéssemos yôga para gestantes...Ao lembrar disso peguei no telefone, exatamente as 18h10, e liguei para Rosana, professora de yoga.

Uma mulher doce e incrível, conversei com ela por quase quarenta minutos e contei toda nossa história. De aula de yôga eu já queria que ela fosse minha doula...ela me falou sobre os problemas do parto pélvico e da minha vontade de conseguir ter um parto normal...me deu alguns conselhos e marcamos de encontrar no outro dia.

Hoje pensando sobre isso, vejo que ela me passou muita tranquilidade e que ela me ajudou muito, mesmo sem saber que sua hora estava bem próxima.

Ao sair do trabalho mamãe foi direto para casa da titia Damaris, havia muito tempo que eu não há encontrava, conversamos um pouco, ela brincou diretamente com você e fomos embora felizes, mas agitados.

Mamãe chegou em casa um pouco nervosa e Eu e o seu Pai acabamos discutindo...Mas no meio da briga lembramos que estava na hora do nosso culto no lar. E lá fomos nós fazer o culto. A leitura foi de um texto do livro "Coragem", aberto espontaneamente, em que  Emmanuel falava sobre serenidade. Mamãe nem conseguiu comentar, só chorava, estava estranha e sensível. Papai então resolveu fazer a prece final, o que é muito raro, uma prece linda e sincera, falando do nosso sofrimento, mas também do nosso amor e pedindo, claro,  muita serenidade e paz.

Foi um momento lindo...O que não sabíamos é que seria os últimos momentos com você em meu ventre, os últimos momentos Eu, você e Papai em nossa casa...e que estávamos sendo preparado para o dia mais importante de nossas vidas: o outro dia, a terça-feira, 9 de junho de 2015.







32 semanas e seis dias: Viver é muito perigoso!

Domingo, 7 de junho de 2015, estávamos muito felizes pelo casamento dos primos, Davi e Tati, e por anunciar para toda família que havíamos descoberto que o ser tão amado por todos em meu ventre é um menino, Samuca, Samuel!!!

Algo curioso e ao mesmo tempo trágico aconteceu naquele domingo. Passamos o dia na casa da prima Morena para comemorar o aniversário do marido dela. E um monomotor caiu há um quarteirão da onde estávamos causando um susto enorme em todos nós. Principalmente, para o Papai e titios que estavam no quintal da casa e viram o avião caindo... Você se assustou filho? A mamãe ficou nervosa e o coração acelerou...mas me acalmei rapidinho pensando em você.

Por alguns momentos, depois do susto, pensamos na vida, refletimos sobre o inesperado, e conversamos sobre os perigos da existência. Me lembrei da frase "Viver é muito perigoso. E aprender a viver é o que é o viver mesmo"....

Naquele dia, Eu você e o Papai, oramos  pelo pilotos envolvidos no acidente, por suas famílias e agradecemos pela nossa vida, da minha família, a sua filho e de todos que amamos...

Um dia de refletir sobre a vida e agradecer por ela...




segunda-feira, 8 de junho de 2015

Samuel vem aí!!!

E com 32 semanas eu resolvi fazer o exame de sexagem fetal (escondido de todos) e saber qual era o seu sexo filho, já que pelo ultrassom foi impossível saber, devido ao tamanho de sua bexiga.
Que alegria foi abrir o site do laboratório Hermes Pardini e saber: menino!!!
Era muito importante te dar um nome e imaginar melhor seu rostinho...
Samuel foi o nome escolhido antes mesmo de você ser concebido, pela força do nome e pela história da bíblia, um filho muito desejado pelos seus pais, um presente de Deus. 
Depois da mamãe, o papai foi o primeiro a saber...depois a vovó Maristela e em seguida toda a família. Seguido dos amigos queridos: titia Pamella, Damaris, Verônica, Erika e Paulinha.
Aproveitando o casamento dos primos: Tati e Davizinho, no sábado, dia 06 de junho, entramos na igreja São Judas Tadeu (Santo das causas impossíveis), em que fomos padrinhos, segurando um sapatinho de homenzinho e anunciando que você é o príncipe do papai e da mamãe...Nunca vou esquecer este dia!!!
Meu bebê, meu feijãozinho, o amor da mamãe, meu "cabeçãozinho" agora tem nome e sobrenome: Samuel Woyames de Assis Almeida!!!!

"Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR. Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor".

Porquê Samuel? 

'Os pais de Samuel chamavam-se El-cana e Ana. Eles se amavam muito e queriam um filho, mas Ana não podia ter nené. Por isso,ela rezou, com toda a confiança, pedindo a Deus que lhe desse tal filho.

Passado não muito tempo, Ana ficou grávida e deu à luz um menino. Ela o chamou com o nome de Samuel, que significa "pedido ao Senhor". Seus pais ficaram contentes e agradeceram muito a Deus. Sua mãe cuidava dele com todo amor e carinho. E lhe ensinava muitas coisas. Certamente foi dela que Samuel aprendeu a rezar e a ter Deus como um amigo. Sua mãe havia feito uma promessa: de oferecer este seu filho a Deus para que ele se tornasse um sacerdote. 

Tirado do site: http://www.catequisar.com.br/texto/materia/biblia/crianca/13.htm





quarta-feira, 3 de junho de 2015

32 semanas - O desafio da gratidão

A Flávia Melissa, psicóloga especializada em Medicina Tradicional Chinesa, iniciada em Filosofia Taoísta e que desenvolve um projeto de vídeos e publicações motivacionais que distribui através das redes sociais, lançou um desafio: o 300 dias da gratidão 2015 . 

Qual o objetivo? Ela mesmo explica "Simples-simplérrimo. Todos os dias, durante 300 dias a partir do dia 26/05, você vai escolher algo pelo que se sentir grato. TODOS OS DIAS, não importa o que aconteça. Não existem motivos pequenos, bobos ou superficiais. O que quer que seja que exista em sua realidade que seja capaz de despertar em você o sentido da gratidão e do contentamento vale. Você vai, então, tirar uma foto deste algo ou escolher uma imagem que represente a sua gratidão do dia e vai postar nas redes sociais (Facebook ou Instagram) escrevendo um pouco sobre a sua gratidão do dia e dos motivos pelos quais aquilo faz com que você se sinta grato. Ao final da postagem vai colocar as seguintes marcações: #flaviamelissa e #desafiodagratidão2015, para que todos possamos acompanhar as gratidões dos participantes do Desafio".

E, então, no meio deste furacão da minha vida, eu resolvi participar. Os motivos foram vários, mas o principal deles  é que um dia eu quero conseguir agradecer a Deus pelo que estou vivendo. Sério Filho!!! Mas hoje Eu não consigo fazer isso...consigo, ou melhor, tento aceitar,  tento entregar e confiar...e, talvez, participando deste desafio, e pensando todos os dias em um motivo para agradecer: eu consiga agradecer de coração e com verdade. 

Claro que eu consigo dizer sou grata (muito grata) pela benção da gravidez, por ter você em meu ventre. Mas não consigo agradecer por sua malformação e, principalmente, pela possibilidade, ou certeza dos médicos, de que vai viver poucas horas quando nascer ou, o mais provável, nem consiga nascer vivo...

O outro motivo é parar de reclamar e pensar em coisas negativas. Afinal, agradecer me traz uma energia boa, um sentimento gostoso, uma paz...e além disso a disciplina nos leva a prática, já dizia Emmanuel para Chico. 

E durante os sete primeiros dias eu tenho conseguido cumprir o desafio, ou seja, pensar e agradecer, de coisas simples e bobas, até as mais complicadas. Exemplo: já agradeci pelo seu coração batendo, pelo fato de você estar vivo, fui grata pelo pastel de Belém que ganhei da Tia Erika e do Francisco, grata pela vida do meu sobrinho Artur, pela saúde da nossa titia Claudinha, pelo amor da minha família e até pelo técnico do Cruzeiro(a mamãe também é torcedora, né?).

E hoje ao receber a news semanal da Flávia Melissa sobre gratidão, ela disse coisas maravilhosas que me tocaram, e eu tenho que ser grata a ela por isso...e quando li o email dela pensei? será um sinal de esperança? ou será apenas uma reflexão sobre o PARA que isso esta acontecendo conosco? 

"Oi! 
Como estamos em nossa segunda semana do #desafiodagratidão2015?
Se você já acompanhava minhas postagens nas redes sociais antes dos 300 Dias de Gratidão, sabia do fato de que em janeiro deste ano descobrimos, em um exame de rotina, que meu bebê Gael foi diagnosticado com uma alteração de nome feio, chamada pieloectasia - que depois de alguns meses evoluiu para uma de nome mais feio ainda, hidronefrose. Com a evolução do quadro tivemos que procurar um cirurgião pediátrico que nos passasse quais eram as condutas imediatas após o parto para conseguir fechar de fato o diagnóstico e averiguar em que grau da alteração ele estava. Dependendo disso, até mesmo uma cirurgia nos primeiros meses de vida poderia ser indicada
.
Se você é mãe, ou pai, ou tio, ou simplesmente ama muito uma criança, talvez consiga imaginar o que sentimos neste processo!
Tudo isso agitou meu mundo desde janeiro e, em muito momentos me desafiou a continuar me sentindo feliz e grata com a gestação, apesar de todo o meu medo. Muitas foram as vezes em que eu tive que me policiar, vigiar meus pensamentos e corrigir minhas atitudes porque nossa tendência é esta: olhar para os lados, tecer comparações e nos questionarmos - não sem uma pontinha de vitimização - "o que eu fiz para merecer isso?" ou então "porque comigo"?
A minha pergunta é: porque NÃO com você?

Eu não sou diferente de ninguém e estaria mentindo se não dissesse que em MUITOS momentos caí nesta espécie de "masturbação mental" a respeito dos motivos de porque estar enfrentando todos estes desafios em minha primeira gestação. Mas se tem uma coisa que eu aprendi em minha vida é a seguinte:
"As coisas não acontecem COM você.
As coisas acontecem PARA você."
E a verdade é que toda situação, por mais difícil e complicada que seja, SEMPRE guarda algo extremamente positivo em termos de aprendizado.
Quando saímos da ingrata posição de vítima e percebemos que as coisas acontecem em nossas vidas PARA alguma coisa, com um propósito que nem sempre conseguimos compreender logo de cara, conseguimos até mesmo criar significado para elas.
O que eu criei de significado para esta situação?
Eu compreendi que ainda tenho muito o que aprender em termos de confiar, relaxar e permitir que a vida flua. Aprendi que, ao abrir as portas para me tornar mãe, me abri também para todas as possibilidades de jornada e de caminho de meu filho - e que vou estar com ele, ao lado dele, vivendo tudo o que ele tiver que viver por quanto tempo for necessário. E entendi, finalmente, que mesmo que ele viesse com este ou qualquer outro problema de saúde, seria um GRANDE PRIVILÉGIO ter sido escolhida por este espírito de luz para cuidar dele em suas dificuldades aqui nesta vida. E então, como em um passe de mágica, o que antes estava me deixando preocupada e ansiosa me fez sentir uma gratidão enorme.
Nos últimos exames que fizemos, descobrimos que o rinzinho de Gael diminuiu pela primeira vez em 6 meses, e que está literalmente a um milímetro de voltar ao estado anterior, de pieloectasia, diminuindo enormemente as chances de uma cirurgia ser necessária.
O que eu acho que aconteceu? Simples: um MILAGRE!
Albert Einstein disse, já há bastante tempo, que existem apenas duas formas de se viver a vida: como se milagres não existissem ou se como absolutamente tudo fosse um milagre. Na verdade, milagre, para mim, é quando você muda a sua visão a respeito de algo e, transformando a sua percepção, você transforma este algo em si. Os estudiosos em física quântica podem dar explicações mais complexas a respeito do que aconteceu e os céticos podem usar aquela palavrinha curiosa, "coincidência" - que, alguém já disse, é como Deus se apresenta quando não quer assinar a obra. Mas, para mim, o fato de ter transformado apavoramento em gratidão (medo em amor) foi fundamental para que este milagre acontecesse. E, como diz o título de uma peça teatral escrita pelo italiano Luigi Pirandello, em 1917:

"Assim é, se lhe parece".

O que você vem fazendo com as situações que acontecem na SUA vida? Qual o significado ou propósito que vem agregando a elas?
Este foi um dos temas que discutimos no webinário ao vivo que rolou na segunda-feira, comigo e com a Paula Abreu do Escolha sua Vida. E uma das coisas que a Paula disse e que fizeram um sentido absurdo para mim foi pensar na Gratidão como se ela fosse um músculo que precisa ser trabalhado para conseguir sustentar o peso das coisas. Esta analogia fez um super hiper mega sentido para mim porque, acredito eu, obedece à aquela lei que rege todas as coisas: a prática leva à perfeição. Ninguém nasce sabendo se sentir grato e, infelizmente, não é uma das coisas que a gente aprende na escola quando é pequenininho.
É preciso atenção constante e muita vigilância para conseguir alcançar esta alquimia interior de transformar medo em amor.
Muita gente me pergunta como foi que começou o MEU processo de ganho de consciência, e eu sempre respondo, quando me fazem esta pergunta, do significado mais do que especial que o Curso Namastê teve em minha vida. Acho que foi a primeira vez em que me enxerguei frente a frente com todas as crenças limitantes e pensamentos distorcidos que me eternizavam na posição de vítima das circunstâncias ao invés de autora da minha própria vida. 
Eu acredito fortemente que tenhamos vindo a este mundo para compartilhar nossa luz e nossa jornada com as demais pessoas - e espero que estas reflexões a respeito de minhas próprias experiências tenham sido produtivas.

Pelo que você escolhe agradecer hoje?

Com meus votos de paz, bem e abundância, hoje e sempre,
Flavia"




quarta-feira, 27 de maio de 2015

Mas você tem que ter fé!

Por favor, não questione minha fé quando eu falar sobre a morte do meu filho.
Não diga que eu não acredito em Deus.
Não diga que Deus pode fazer milagres. Eu sei, sim, ele pode, mas e se o milagre for invisível aos nossos olhos? Se for o milagre da renovação, da mudança ou do testemunho da fé?
Não diga que você conhece um caso igual ao meu e que o bebê sobreviveu. Cada história é única.
Não diga para eu ter esperança...esperança é diferente de fé...e as vezes, sim, eu tenho esperança.
Eu tenho fé. Eu tenho muita fé.
Se não tivesse estaria revoltada com Deus, se não tivesse não levantaria mais da cama, pediria para morrer...eu  ficaria desesperada.
Se não tivesse fé, eu concordaria em entrar na justiça para tirar meu filho que está no ventre, quando uma das médicas que me atendeu propôs isso, com 20 semanas.
Fé não é acreditar na cura física do meu filho...por mais que eu queira isso. 
Eu sempre lembro “que seja feita a sua vontade”
Fé é aceitação. É entrega.
Se acredito que meu filho é um espírito, então, a cura que eu mais desejo para ele é a espiritual...e não a física.
E se o pedido de cura for respondido no céu e não na terra?
Eu sofro, eu choro, eu reclamo, eu questione Deus e até fico com raiva...mas mesmo nesta hora eu também busco consolo, sabe onde?: na minha fé!
Quer dizer então que para milhares de mães e pais que perderam seus filhos é por que eles não tinham fé? 
Eu tenho fé no que Deus pode fazer...mas ele só faz algo que seja bom(maravilhoso) para mim, para o meu filho, para o meu marido...e se não for o melhor?
A morte não é o pior...a morte não existe!
Deus não é o Papai Noel de barba branca e roupa vermelha, mas muitas vezes as pessoas esperam que ele seja.
E por último: Eu, realmente, não sei qual será o capítulo final: se você Filho vai viver por algumas horas, minutos, dias ou anos....ou se você vai morrer...
Mais eu penso nas duas possibilidades sim, e eu quero o respeito de todos para pensar assim.
E, por favor, amigos e familiares, não entendam minha aceitação, inclusive da morte, como falta de fé...porque é muita, muita fé que eu tenho aqui dentro de mim!!!

terça-feira, 26 de maio de 2015

31 semanas

Conheci essa semana a história da obstetra Dra. Quésia Tamara Mirante Ferreira Villamil, que em sua primeira gestação (planejada e esperada), descobriu esperar um bebê anencéfalo.Mesmo sabendo que o bebê teria uma expectativa de vida muito curta, prosseguiu com a gravidez normalmente. Sugiro a leitura do livro dela!!!


Como eu chorei lendo seu relato e me identificando em vários momentos...e aí o que eu fiz? Marquei com a Doutora Quésia, afinal, eu precisava conhecê-la... E fiquei ainda mais admirada pessoalmente, mais do que pela sua história, ela entendia nossa dor...

Estou um pouco tristinha essa semana(desculpa filho se a mamãe não consegue ser forte toda semana) o passeio no Parque domingo com toda a família e a leitura do livro me fez pensar sobre a aceitação da morte e que, talvez, eu não pudesse viver com o meu filho aquilo que minhas primas estavam vivendo com suas filhas: brincar, passear, fazer piquenique... Eu eu só queria viver a mesma coisa.
E talvez eu esteja fugindo da ideia da morte.
Afinal, ter fé não é acreditar que meu filho vai viver é aceitar a vontade de Deus, qualquer que ela seja.  Aceitar, aceitar, aceitar, aceitar...
Aceita:

- que você não pode planejar ou preparar o quartinho do bebê;
- que você não fará enxoval;
- que você não fará chá de bebê;
- que você não sabe se é Yasmin ou Samuel(eu sei que eu minto para as pessoas dizendo que é surpresa);
- que você não terá seus filhos em seus braços por muito tempo e, talvez, nem por um minuto;
- que você não, não, não, não, não um monte de coisas que pessoas, grávidas, mães normais fazem....
O que podemos fazer, filho?
Viver o hoje...um dia de cada vez...e aceitar.
Aceita mãe, aceita filho!!!


segunda-feira, 18 de maio de 2015

30 semanas

Filho, a mamãe não escreveu isso, mas as palavras dessa mãe são a dela:

"Passei nove meses esperando o futuro e deixei de aproveitar mais e melhor o que era meu presente...Por isso, aproveitem seus filhos do jeito que eles são, ame-os mesmo que distantes de ti, ame-os mesmo que não sejam como você idealizou, instrua-os para serem pessoas felizes e de bem, aproveitem cada momento com cada um de seus filhos, compartilhem com eles as experiências da vida, criem seus filhos com carinho e entusiasmo, estreitem os laços fraternais, respeitem seu desenvolvimento, suas dificuldades e elogiem seus acertos, não os protejam em demasia, mostrem os limites com clareza e tranquilidade, acompanhem cada fase, cada passo, cada letra, cada amigo, cada livro, cada amor... Não importa se viverão 9 meses e 3 dias ou 93 anos. Vivenciem seus filhos e os deixem partir quando tiverem de ir... E ao partirem, que as lágrimas caídas sejam de puro e verdadeiro amor."
Achei este texto no link: http://www.partidaechegada.com/2009/11/dor-da-mae-que-perde-um-filho.html

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O MEDO: COMPREENDA E ACEITE E O AMOR SURGE


[Osho, você disse que a pessoa que tem medo, não pode amar, nem pode chegar ao estado de deus. 

Mas como a pessoa vai fazer para sair desse medo? ]

Por que você quer sair do medo? Ou você ficou com medo do medo? Se você tem medo do medo, isto é um novo medo. É assim que a mente vai criando o mesmo padrão sempre, repetidamente. Eu digo: “Não deseje e então você chegará ao divino.”. Então, você pergunta: “Realmente, se não desejarmos, então, chegaremos ao divino?” - você já começou a desejar o divino.

Eu lhe digo “se há medo, o amor não pode existir”, então, você fica com medo do medo. Você pergunta: “Como a pessoa pode sair do medo?”. Isto é novamente um medo, e mais perigoso do que o primeiro medo, porque o primeiro era natural; o segundo é antinatural. E é tao sutil, que você não percebe o que está perguntando – como sair do medo?

A questão não é sair de nada: a questão é somente de compreensão. Compreenda o medo, o que ele é, e não tente sair dele, porque, no momento em que você começa a tentar sair de qualquer coisa, você não está pronto para compreender aquilo – porque a mente que pensa sair, já está fechada. Ela não está aberta para compreender, ela não é solidária. Ela não pode contemplar quietamente; ela já decidiu. Agora o medo se tornou o mal, o pecado, então saia dele.

Não tente sair de nada.

Tente compreender o que o medo é. E, se você tem medo, então, aceite-o. Ele existe. Não tente escondê-lo. Não tente criar o oposto. Se você tem medo, então você tem medo. Aceito isso como parte do seu ser. Se você puder aceitá-lo, ele já desapareceu. Através da aceitação, o medo desaparece: através da negação, ele aumenta.

Você chega a um ponto onde você sabe que tem medo, e você compreende o seguinte: “Por causa deste medo, o amor não pode acontecer a mim. Então, tudo bem, o que eu posso fazer? O medo existe, então, somente uma coisa acontecerá – eu não fingirei amor. Ou, eu direi à minha amada ou ao meu amado, que “é por causa do medo que eu me estou me agarrando a você”. Lá no fundo estou com medo. Serei franco quanto a isso; não mais enganarei ninguém, nem a mim mesmo. Eu não fingirei que isto é amor. Eu direi que é simplesmente medo. Por causa do medo, eu me agarro a você. Por causa do medo, eu vou ao templo, ou à igreja, e oro. Por causa do medo, eu me lembro de Deus. Mas, então, eu sei que aquilo não é oração, aquilo não é amor, aquilo é somente medo. Eu tenho medo, então, seja o que for que eu faça, ele está presente. Aceitarei esta verdade.”.

Um milagre acontece quando você aceita a verdade. A própria aceitação o transforma. Quando você sabe que há medo em seu ser e você não pode fazer nada sobre isso, o que você pode fazer? Tudo que você pode fazer é fingir, e os fingimentos podem ir ao extremo, ao outro extremo.

Um homem muito medroso pode ser tornar um homem muito bravo. Ele pode criar uma armadura ao seu redor. Ele pode se tornar um atrevido temerário, só para mostrar aos outros que ele não tem medo. E, se ele puder enfrentar o perigo, ele pode se enganar que não tem medo. Mas até um homem mais corajoso tem medo. Toda a sua bravura está apenas em derredor; lá no fundo, ele treme. Para não ficar ciente disso, ele salta para dentro do perigo. Ele se torna engajado com o perigo, de modo a não ter consciência do medo, mas o medo está presente.

Você pode criar o oposto, mas isso não vai mudar nada. Você pode fingir que não tem medo – isso, novamente, não muda nada. A única transformação que pode acontecer é você tornar-se simplesmente ciente de que: “Eu tenho medo. Todo meu ser está tremendo e, seja o que for que eu faça, é devido ao medo.”. Você se tornou verdadeiro para si mesmo.

Então, você não tem medo do medo. Ele está presente, é uma parte sua; nada pode ser feito sobre isso. Você tem de aceitá-lo. Agora você não finge, agora você não engana ninguém, nem a si mesmo. A verdade está aí, e você não tem medo dela. O medo começa a desaparecer, porque uma pessoa que não tem medo de aceitar seu medo, tornou-se destemida – esse é o mais profundo destemor que é possível. Ela não criou o oposto, então, não há nenhuma dualidade nela. Ela aceitou o fato. Ela ficou humilde diante disso. Ela não sabe o que fazer – ninguém sabe – e nada pode ser feito, mas ela parou de fingir: parou de usar máscaras, faces. Ela se tornou autêntica em seu medo.

Essa autenticidade e esse destemor para aceitar a verdade, transforma-o. E, quando você não finge, não cria um falso amor, não cria uma ilusão ao seu redor, não se torna uma pessoa de mentira, você se tornou autêntico. Nesta autenticidade, o amor surge: o medo desaparece, o amor surge. Esta é a alquimia interna de como o amor surge.

Agora, você pode amar. Agora, você pode ter compaixão, solidariedade. Agora, você não depende de ninguém, porque não há nenhuma necessidade. Você aceitou a verdade. Não há nenhuma necessidade de depender de ninguém; não há necessidade de possuir e ser possuído. Não há nenhum anseio pelo outro. Você se aceita – através desta aceitação, o amor surge. Ele preenche seu ser. Você não tem medo do medo, você não está tentando se livrar dele. Simplesmente ele desaparece quando aceito.

Aceite seu ser autêntico e você será transformado. Lembre-se disto: aceitabilidade, total aceitabilidade, é a chave mais secreta do tantra. Não rejeite nada. Através da rejeição, você ficará aleijado. Aceite tudo – seja o que for. Não condene isso, e não tente escapar disso.

Há muitas coisas implicadas nisso. Se você tentar se livrar disso, você terá de cortar seu ser em departamentos, em fragmentos, em partes. Você ficará aleijado. Quando você joga fora uma coisa, alguma outra coisa também é jogada fora com ela – a outra parte dela – e você fica aleijado. Então, você não é total. E você não pode ser feliz, a menos que seja total e íntegro. Ser íntegro é ser santo. Ser fragmentado é ser incompleto e enfermo.

Assim, eu direi: tente compreender o medo. A existência deu-o a você. Deve haver algum significado profundo, e deve haver algum tesouro escondido, então, não o jogue fora. Nada lhe é dado sem algum significado. Nada existe dentro de você que não possa ser usado numa sinfonia mais elevada, numa síntese mais elevada.

Tudo o que existe em você, quer você compreenda ou não, pode se tornar um degrau. Não pense nisso como uma barreira: permita que se torne um degrau. Você pode tomá-lo como algo que impede a caminhada – não é impedimento. Se você puder andar sobre isso, se você puder usá-lo, firmar-se sobre isso, uma nova visão do caminho lhe será revelada num nível mais elevado. Você será capaz de olhar fundo na possibilidade, no futuro, na potencialidade.

(...)

Mas, se você tentar esconder o medo, destruí-lo, criar o oposto dele, você ficará divido e se tornará fragmentado, desintegrado. Aceite o medo e use-o. E, no momento em que você sabe que você o aceitou, ele desaparece. Tente pensar: se você aceita seu medo, onde ele está?

Um homem veio a mim e disse: “Eu tenho muito medo da morte.”. Ele tinha câncer, e a morte estava perto; a qualquer dia, ela podia acontecer. E ele não podia adiá-la. Ele sabia que ela ia acontecer. Dentro de meses, ela estaria ali – ou até mesmo dentro de semanas.

Ele estava verdadeiramente, físicamente e literalmente tremendo. Ele disse: “Me dê apenas uma coisa: como eu posso sair deste medo da morte? Me dê um mantra, ou alguma coisa que possa me proteger e me dê coragem para encarar a morte. Eu não quero morrer tremendo de medo.”. O homem disse: “Eu já estive em muitos santos. Eles me deram muitas coisas. Eles foram muito gentis. Um me deu um mantra, outro me deu umas cinzas sagradas, outro me deu seu retrato, alguém me deu alguma outra coisa, mas nada ajudou. Tudo em vão. Agora, eu vim até você como o último recurso. Agora não irei a mais ninguém. Dê-me alguma coisa.

Então, eu lhe disse: “Contudo, você não percebe. Por que você está pedindo algo? – só para sair do medo? Nada ajudará. Eu não posso lhe dar nada. Ademais, como os outros se provaram fracassos, eu também me provarei um fracasso. E eles deram-lhe algo porque não sabiam o que estavam fazendo. Eu só posso dizer uma coisa para você: aceite o fato. Trema, se tremer estiver presente – o que fazer? A morte existe, e você sente um tremor; então, trema. Não rejeite isso, não reprima. Não tente ser valente. Não há nenhuma necessidade. A morte existe. Ela é natural. Fique totalmente com medo.”.

Ele disse: “O que você está dizendo? Você não me deu nada. Ao invés, ao contrário, você diz para aceitar!”.

Eu disse: “Sim, aceite. Simplesmente vá e morra pacificamente com total aceitação.”.

Depois de três ou quatro dias ele voltou novamente, e disse: “Funciona. Eu não pude dormir por tantos dias, mas durante esses quatro dias eu dormi profundamente, porque é isso mesmo, você está certo. Ele me disse: “Você está certo. O medo existe, a morte existe, nada pode ser feito. Todos os mantras são apenas truques – nada pode ser feito.”.

Nenhum médico pode ajudar, nenhum santo pode ajudar. A morte existe, é um fato, e você está tremendo. É natural. Uma tempestade chega e todas as árvores tremem. Elas nunca vão a nenhum santo para perguntar como não tremer quando a tempestade está passando por elas. Elas nunca vão pedir um mantra para mudar isso, para protegê-las. Ela treme. É natural; é assim.

E o homem disse: “Mas aconteceu um milagre. Agora, eu não estou com tanto medo.”.

Se você aceita, o medo começa a desaparecer. Se você rejeita, resiste, luta, você dá energia para o medo. Esse homem morreu pacificamente, destemido, sem medo, porque ele pôde aceitar o medo. Aceite o medo e ele desaparece.

Osho, The Book of the Secrets, V2, # 60

terça-feira, 12 de maio de 2015

Meu primeiro Dia das mães 28/ 29 semanas

O dia 10 de maio de 2015 ficará marcado para sempre em minha memória, perispírito, coração...
Afinal, foi o meu primeiro dia das mães.
Eu sei que é uma data comercial do varejo e blá, blá, blá...mas de verdade: é uma data linda, que celebramos o amor do ser mais especial do mundo: as mães!
Filho, a mamãe está muito feliz de ter vivido este dia com você, mesmo ainda dentro da barriga dela.Numa simbiose perfeita de amor...
Mamãe ainda ganhou homenagens dos primos nesta data: fui eleita a mãe do ano, acredita?rsrsrs
Ganhamos também uma cartinha, escrita pelo Gustavo, Gabriela e Pablo, em que eles diziam torcer muito pela sua saúde. É tanto amor...tanta gente torcendo por você.
É tempo de amar, aceitar e entregar!!!





quinta-feira, 7 de maio de 2015

É isso...

Descoberta de filho anencéfalo faz casal aproveitar a vida ao máximo


Um jovem casal estadunidense aguarda o nascimento do seu primeiro filho para Outubro e eles estão organizando uma bucket list ou, traduzido para o português, lista do que fazer antes de morrer. Eles começaram assim que receberam a notícia de que a criança é anencéfala.
A anencefalia ocorre em 1 de cada 4859 gravidezes nos Estados Unidos, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Quase todos os bebês com esta condição morrem logo após nascerem, segundo o CDC.
O casal tem descrito suas aventuras com seu filho ainda não nascido por meio de uma página no Facebook, denominada “Prayers for Shane”. Eles já viajaram pela cidade de Nova Iorque, foram aos jogos de baseball, visitaram museus e foram à praia.
Em uma das postagens na rede social, a futura mãe afirma que o filho já provou para eles que cada dia deve ser vivido ao máximo e é exatamente isto que a família está fazendo.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ganhamos mais um tempinho juntos

O celular toca no trabalho. É a médica da mamãe pedindo para passar no consultório dela no fim do dia.
O que será?
Eu vou. Chego lá  a bomba:
- Vamos marcar seu parto para amanhã?"Suas plaquetas estão muito baixas, você corre risco de vida".
Eu perco o chão por alguns segundos. Mas já?(sinto medo, muito medo!!!)
- Amanhã? Não...não!!
Preciso ouvir mais uma opinião.
Quinta-feira pela manhã faço um novo exame de plaquetas e corro para o Hospital das Clinicas...
Tento entrar pela portaria tradicional, não consigo. Me mandam para o ambulatório. Me mandam para  a portaria. Vou para a portaria novamente...não consigo...Volto para o ambulatório e um "anjo" me deixa subir.
Subo vou atrás da equipe de Medicina Fetal.
Encontro.
O médico lê o relatório da minha médica.
- Concordo!Faça o parto, sua médica esta certa.
Eu volto pra casa com a certeza que Deus me deu uma resposta.(Mas será?)
Marcado para segunda-feira, Otaviano Neves: 7h30!
Sexta, 1º de maio, é feriado.
Sábado em casa.
- "A ficha vai caindo, o parto é segunda? Mas espera, quero tirar fotos pra registrar minha barriguinha, nossa união, nosso amor...Eu ainda não fiz.
Convoco minha prima Morena: ela topa, bora para o Parque do Primeiro de Maio, no sábado a tarde..temos apenas uma hora.
Muitas gargalhadas, minha prima me mata de tanto rir...como fazer pose com as formigas subindo em nossas pernas? Faço carão, carinho na barriga, beijinho no papai, olha a formiga me picando(rsrs), foto com o sapatinho e roupinha!Menino ou menina? Não importa mais...Coroa de flores feito pela tia Cláudia...o batom vermelho e os olhos pretos escondem as olheiras de choro, o coração triste porque você não vai estar mais protegido aqui dentro.
Acabou...não me deixaram ver as fotos...só depois de imprimir.
Sábado ainda tem reunião de tratamento no nosso Grupo Ló...mais carinho, mais abraço...e um passe revigorante!!!
Quanta emoção filho...estamos sendo tão amparados!
Domingo chegou: não, não quero levantar da cama(...) eu, você e o Papai quetinhos...um misto de medo, será que é agora mesmo? Será que você vai sobreviver...ainda tão pequeno e com este problema nos rins!!!
Choramos juntos...e você resolve mexer, mexer muito...o que quer me dizer?
Arrumo a mala para levar pro Hospital...separo suas roupinhas...nem deu tempo de lavar...
Choro...choro...choro...
Será que vai caber...é tudo tão grande? Você é tão pequeno ainda, amor!
Segunda de manhã: mamãe acorda forte...nada de choro papai...estamos confiantes!
Se não for para ser não vais ser...
Vovó nervosa leva a gente pro Hospital.
O médico plantonista lê o relatório...fica em dúvida se é o momento certo.
Pede novo exame de plaquetas. Liga para nossa médica.
Temos que esperar...só daqui três horas teremos o resultado.
Vamos brincar de colorir? Eu, você e vovó...isso ajuda a não pensar em nada.
No Hospital vejo grávidas comemorando nascimentos, saindo com seus filhos no colo...
Sofrendo com as contrações...e eu fico pensando: é agora? vou ter essa mesma felicidade de sair com você em meus braços?
Choro escondidinho...vovó já esta muito nervosa e ansiosa...não quero que ela veja a gente chorando.
O resultado saiu as plaquetas subiram: uebaaaaaaaaaaa!!!!
O médico desce para nos ver e resolve: vamos esperar mais um pouquinho.
Ou seja, ganhamos mais um tempinho, filho, agarradinhos...numa simbiose!
Li outro dia em um blog: "O que vale não é o tempo que eles permaneceram ao nosso lado nesta Terra e sim, a intensidade dos momentos vividos, o amor que aprendemos a sentir, todos os sentimentos valiosos que aprendemos a viver".
E é isso!!! Te amo, amor da mamãe!!!







segunda-feira, 27 de abril de 2015

Dia de pré-natal - 26/27 semanas

Resumo do pré- natal:
Escuto que você não tem chance de viver!
Escuto que minha barriguinha está dentro dos padrões, apesar do pouco líquido!
Escuto que não devo fazer  um novo ultrassom para não sofrer!
Escuto que minhas plaquetas estão baixas e que preciso de um hematologista!
Escuto o som do meu coração:  as esperanças diminuindo...será que estou me iludindo?
Será que cada um tem um tempo próprio para a aceitação da realidade, ou para preparar-se para tanto?
Escuto seu coraçãozinho: e penso: você está aqui e vivo!!!



quinta-feira, 23 de abril de 2015

26 semanas entre altos e baixos


Mamãe essa semana anda tristinha...
Autoestima muito baixa.
Tenho tido sonhos estranhos, cansativos e esquisitos(que me sugam muito a energia)
Pensamentos aflitos e tristes.
Por mim, por você, por nós...estou tentando ficar bem.
Tenho orado muito para Deus para que ele ajuda, me fortaleça.
A barriguinha está linda.
E ontem eu senti você pela segunda vez.
Os médicos acham impossível você mexer, já que eu quase não tenho liquido amniótico.
Mas...só Eu e você sabemos.
Meus mantras pra você: Eu te amo! Eu aceito você do jeito que você vier! E você pode ficar aqui comigo o tempo que precisar (que seja 100 anos, mas se for  meses, eu também aceito)
Tenho pensado muito sobre cura...e cheguei a conclusão que, talvez, sua principal cura, ou melhor,nossa cura, seja espiritual...e se acredito na imortalidade da alma...ela é mais importante.
Que Deus possa nos curar...e que possamos apenas vibrar amor!!!!
Prometo ficar mais alegrinha...


segunda-feira, 13 de abril de 2015

25 semanas...

Na semana passada fiz um novo ultrassom, sim, a situação continua a mesma, sua bexiga continua enorme, meu amor, ocupando todo o espaço do seu abdômen...só é possível ver sua cabecinha e uma grande bola preta. Se eu fiquei triste? Sim, filho! Mas fiquei menos triste que as últimas vezes...claro que tenho esperança de que tudo se resolva, que aconteça algo extraordinário...mas não estou criando expectativas, entreguei sua vida, ou melhor, nossa vida à Deus.

O US também mostrou que o líquido amniótico diminui muito e  que você esta sentadinho, o que favorece uma cesariana, já que sem líquido você não vai conseguir mudar de posição.

Enfim, vamos para parte feliz? Ouvir seu coração e ver você... E sabe o que a mamãe decidiu? Que ela vai curtir ainda mais você, aproveitar cada minutos que estamos juntos...comemorar cada dia como se fosse único...você está aqui não está? Então, vamos curtir isso...o amanhã deixa para Deus!

Na terapia também resolvemos que vou cantar mais pra você: cantorerapia(rsrs) E sabe que música eu escolhi? Roberto Carlos: Como é grande o meu amor por você!!!

Talvez, algumas pessoas achem brega, mas eu acho linda...porque traduz exatamente o que eu quero te dizer, principalmente, a parte: "Me desespero a procurar.  Alguma forma de lhe falar.  Como é grande o meu amor por você. Nunca se esqueça, nem um segundo.  Que eu tenho o amor maior do mundo.  Como é grande o meu amor por você".

P.S: Eu tenho o amor maior do mundo...muito maior que esta bola preta aí...






quarta-feira, 8 de abril de 2015

É isso...

"O que eu vou te dizer é: chore. O que vou te dizer é: sofra! Não importa no que você acredita e nem no que quer experimentar, o que você está vivendo neste momento é único e é seu e tem direito de ser como é. Emoções são apenas energia em movimento e energia que é para ser em movimento precisa ser movimentada. Então, permita-se sentir o que está sentido e não ouça ninguém que te diga “faça isso” ou “não faça aquilo”. Faça o que você conseguir fazer. Vão existir dias bons e ruins, dias em que você vai achar que está se sentindo melhor para, no momento seguinte, sentir culpa por estar se sentindo melhor. E dias em que tudo o que você gostaria que acontecesse seria voltar no tempo para dizer coisas que você não disse, ou para dar o apoio que você acha que deveria ter dado e não deu. Dias em que a vida vai parecer completamente sem sentido porque o homem que te deu a vida não existe mais. E dias em que você vai conseguir sorrir quase como se nada tivesse acontecido. E nada disso vai estar errado". FLávia Melissa 

Leia maishttp://flaviamelissa.com.br/2015/01/luto-e-morte/

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Ocupando o dia...





O poeta do coração Fabrício Carpinejar escreveu em seu twitter "Quando você sofre, não vive, apenas ocupa seu dia"...e acho que é bem isso que tenho vivido. Estava pensando outro dia o quanto consigo ser mais forte de segunda a sexta...dias que ocupo meu dia com o trabalho, ou seja, milhares de emails a responder, dezenas de reuniões, minha equipe me demandando, perguntando, as cobranças dos clientes, os retornos...Mas quando chego em casa ou aos finais de semana fico mais sensível.
E aquele momento que estou em casa e tudo me lembra você: onde vai ser seu quartinho, seus presentes, roupas que já ganhei e os meus sonhos.
Quando construímos aquela casa nosso maior objetivo era você: não pagar aluguel para sobrar mais dinheiro para ter um filho, morar pertinho da vovó para que ela pudesse me ajudar quando eu voltasse a trabalhar...até as cores dos quartos foi pensada quando você chegasse. E agora eu olho para aquela casa e penso se tudo isso será possível...se os meus sonhos serão realizados. 
Pois a minha fé não é que você viva, mas que seja feita a vontade de Deus. E se a vontade dele for que eu espere mais um pouco para reencontrar você, para viver os meus sonhos...ou ainda que demore bastante para te encontrar, talvez, só quando eu desencarnar...
As vezes as pessoas me chamam de guerreira e forte, "sabe nada inocente"!!! Tenho tantos momentos de dor, abatimento, angustia e até de raiva. Ainda bem que eles passam, pois no fundo no fundo eu sou um espirito alegre...que vai ocupando o dia, sendo segurada por Deus e tentando sofrer menos.

Seis meses hoje...

Beijos 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

23 semanas de amor

Mais uma semana filho...mamães com pés inchados que parecem até duas batatas doce(rsrsr)!!!
Semana que vem temos ultrassom...não quero ficar pensando nisso, mas não tem jeito. É a única forma de te ver, saber de você, será que algo mudou?
Melhor não criar expectativas...
Essa semana estou um pouco cansada fisicamente: estou fazendo um curso a noite e chegando em casa muito tarde. Será que você esta cansado também? Acho que sim, né?Eu sinto, você sente!!!
Mas essa semana tem um feriado, semana santa, e prometo descansar...curtir minha barriguinha que está ainda maior e, consequentemente, você. Afinal, temos que aproveitar cada momento juntos....
Lá vem eu novamente com meus medos ou seria a realidade?
Mas o que tenho tentado fazer é levar a gravidez como uma gravidez normal(essa palavra novamente)...Você merece, eu mereço isso. Eu desejei tanto estar grávida, provavelmente planejamos juntos viver tudo isso, com as dores e sofrimentos que talvez nem imaginássemos que viveríamos.
Somos fortes e quando não somos Deus nos carrega...
Mas eu tenho uma certeza: ninguém será o mesmo depois de viver isso. Nem Eu, nem você, nem o seu pai, nem a vovó....ninguém!!!

Por último deixo um texto de uma pessoa querida @Juliana Garcia intitulado: 'momento de crise, momento de vôo': http://julianaggarcia.com.br/momentos-de-crise-momentos-de-voo/

Parte do texto:

"Falta ar. Respirar é pesado, respirar dói. Dói. Dói em lugares que você talvez nem soubesse que existiam. Dor e vazio.
Mas, sabe que existe outro lado? Aliás, existem muitos lados. Essa é a primeira revelação que a crise traz. Ela tira o véu da ilusão das nossas certezas. Andamos por aí como se fossemos os Reis da Certeza, até que momentos assim nos mostram que tudo isso não passa de uma ilusão de controle. Uma ilusão que nos faz agarrar cada vez mais a necessidade de controle para que mantenhamos as estruturas rígidas que nos fazem acreditar que estamos no controle, uma coisa perpetuando a outra.."