quarta-feira, 25 de março de 2015

Um dia de cada vez...

Essa semana por dois dias tive dores fortes próximo a cintura...claro que bateu aquele medo(como eu queria ser mais corajosa e não ter medo)...resultado: infecção de urina. Agora além da dor emocional, uma dorzinha física também. Mas prometo sem reclamações: bora beber muita água e, claro,  remédio!
Vivendo um dia de cada vez...com as surpresas, medos e angustias de cada dia.
Mas também com as alegrias da vida, principalmente, os recadinhos queridos dos amigos, o amor da família, os sorrisos dos sobrinhos e das priminhas e a cumplicidade do marido(ele tem sido incrível). Além disso é muito gostoso perceber a barriguinha crescendo.
Mais uma semana vencida: 22 semanas! Ainda não consigo sentir você( eu quero tanto)
Quanta alegria e ouvir seu coraçãozinho: que bate normal!!!(odeio essa palavra normal)
Enfim, um dia de cada vez: sorrindo, chorando e tentando ser forte (não é todo dia que consigo)!!!
Filho, te amo, tenta lutar comigo pela sua vida...acredita até o final... vamos juntos tapar os ouvidos para os médicos que dizem que você não vai viver, pois quem dá a última palavra sobre nossas vidas é Deus.
Eu sei que parece impossível, mas se não tivemos esperança, como sobreviveremos juntos?
Enfim, nosso amor é muito maior do que isso...

Um dia de cada vez...e hoje vencemos mais uma semana dia!!!






sexta-feira, 20 de março de 2015

A TRISTEZA PERMITIDA - Martha Medeiros


"Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? 

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. 

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. 

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. 

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. 

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. 

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos"

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Leitura consoladora

Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? Alguns não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, até pendor para o roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão? A lei civil as absorve de seus crimes, porque, diz ela, obraram sem discernimento. Tem razão a lei, porque, de fato, elas obram mais por instinto do que intencionalmente. Donde, porém, provirão instintos tão diversos em crianças da mesma idade, educadas em condições idênticas e sujeitas às mesmas influências? Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que se revelam viciosas, é porque seus
Espíritos muito pouco hão progredido. Sofrem então, por efeito dessa falta de progresso, as conseqüências , não dos atos que praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores. Assim é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela justiça de Deus.

*CAPÍTULO IV - DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS - Livro dos espírito





quinta-feira, 19 de março de 2015

Não cai uma folha de árvore sem que Deus queira!

Eu não posso viver um luto de um filho que está vivo!!! Ninguém disse que é fácil, que eu não tenho medo, que eu não sofro e que, as vezes, até me vejo pensando nesta "morte", mas o seu coração filho continua batendo...Eu ainda não consegui sentir fisicamente você se mexer na minha barriga(será que isso vai acontecer?), mas eu sinto você aqui dentro de mim. E você sabe disso!

Minha barriga é pequena, com cinco meses não se percebe que estou grávida...mas a cada dia eu sinto seu crescimento, mesmo que ainda pequeno, e me emociono. E me pergunto será que com seu problema nos rins, você consegue crescer normalmente? Acho que não e isso dilacera meu coração!

Perguntei para minha médica se eu posso ter esperança? Ela disse que melhor não, e que caso aconteça uma reviravolta é melhor ser surpreendido do que se frustrar...Mas será que é melhor mesmo?

Eu não posso perder a esperança é ela que me move, que me faz continuar sobrevivendo(as vezes acho que não estou vivendo, somente sobrevivendo, sendo empurrada para frente).  Deus é bom, e essa frase me basta, independente de religiões.

Claro que a Doutrina Espírita me consola, me faz acreditar que é uma prova importante para mim, para o meu marido, minha família e para este espírito. E que nós precisamos deste auxílio mútuo e que independente se é pra ele ou para mim, estamos sendo auxiliados pela providência divina.

Eu acredito em milagres? Sim e não...não dentro do conceito fantástico e sobrenatural, mas racionalmente há milhares de coisas sem explicação devido a nossa ignorância intelectual e moral...Eu acredito que para Deus nada é impossível. E só ele pode fazer uma reviravolta em nossa vida. Porém esta reviravolta ela não dependa da minha vontade, só da dele. Lembra do "Pai Nosso"? "Que seja feita a sua vontade"

Mas aprendi também, principalmente, na terapia que esperança é diferente de expectativa...

"Enquanto a esperança é uma luz e um alento, a expectativa é o passaporte carimbado para a frustração.
Ter esperança de que algo aconteça é estar aberto para a possibilidade da realização de um desejo.
Quando você tem esperança, está sintonizado numa freqüência positiva. Tem consciência de que todas as possibilidades se encontram presentes em estado de latência no universo. E que, portanto, os desejos podem ser realizados, embora não haja garantias de que isso aconteça. A esperança faz bem à alma e abre espaço para que você siga na direção dos seus objetivos.Já a expectativa, como a palavra diz, implica em contar com alguma coisa que ainda não aconteceu".Leia mais

Eu tenho esperança, mas não vou criar expectativas. Por isso decidi (mas posso mudar de ideia, estamos em março) que não vou fazer o seu quartinho, preparar seu enxoval...mas vou lutar até o fim por sua vida! Porque a minha vida esta intimamente ligada a sua...e talvez se você morrer, eu vou junto, nem que seja uma parte de mim...a melhor parte!!!


Eu te amo filho!!!



Mamãe e Papai




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segunda-feira, 16 de março de 2015

Troca de emails

Olá Doutora, como vai?
Ontem estive no HC para buscar o resultado da punção, conversei com a Doutora Izabelle já que o Doutor Henrique não estava...eles me disseram que a osmolaridade deu 291!!! Segundo os médicos este número é muito alto...e não há nada a ser feito, pois os rins já não estão funcionando. Recomendou ainda que eu fizesse o cariótipo fetal depois ou quando o bebê nascer través do estudo do feto, caso eu tenha um aborto...enfim, queria sua opinião para saber o que devo fazer....ontem chorei tanto que não consegui ir ao CEU fazer um novo exame...ela mencionou inclusive risco de infecção com o cariótipo...enfim, estou muito confusa!!!!
Obrigada
Iaçanã

Resposta
Entender que somos limitados e que tem várias coisas nesta vida que não compreendemos o porque ...porque com a gente, né? Mistério... A crença numa força maior ajuda!
É sofrido, é perda , é luto....triste demais!!
Se os rins já estão comprometidos, realmente investir em cirurgia fetal não é boa ideia.
Quanto ao cariótipo pode realmente ser feito depois que nascer ...
Sabe Iaçanã....estamos de mãos e pés atados. Acredito que apenas esperar agora. Deixei um encaixe marcado para vc na semana que vem.
Como estou em Congresso, com grandes especialistas presentes, comentarei o seu caso e se tiver algo novo a te falar entrarei em contato.
Um forte abraço, com meu carinho
Doutora

sexta-feira, 13 de março de 2015

Como salvar meu filho?

Depois deste ultrassom (relatado no post anterior) fizemos um novo no outro dia mesmo...vai que tudo tinha mudado? E era realmente só um pesadelo? Mas não, não era...Mamãe e Papai choraram a sexta-feira toda. Mas resolveram na outra semana arregaçar as mangas e fazer alguma coisas. Mas o quê? Buscar na internet casos parecidos e procurar médicos especialistas nesta área.

Uma indicação aqui e outra ali (seremos sempre grato aos amigos por esta ajuda)...passamos a semana inteira ouvindo médicos, especialistas...até chegar na Medicina Fetal do Hospital das Clínicas, referência na área, e mais precisamente no Doutor Henrique Leite, onde realizamos uma punção na sua bexiga(será que você sentiu uma fisgadinha?Nem doeu né?). De forma resumida e bem leiga: trata-se de uma agulha enorme que perfurou a barriga da mamãe e foi até a sua bexiga onde foram recolhidos 60 ml de urina. O exame mostraria em que estágio estava seus rins e se era possível realizar algum tipo de cirurgia para salvar você.

O resultado ficaria pronto em sete dias, enquanto isso, a mamãe sentia medo, mas também confiança que tudo estava nas mãos de Deus. Eu realmente "Entreguei sua vida para ele".

Enquanto isso mamãe também cuidava de você, do lado espiritual, participando de reuniões de tratamento fluídico, ectoplasmia a distância, cirurgia espiritual com Doutor Fritz e até em cultos na casa de amigos de outras religiões...Afinal, Deus é um só e a confiança nele também. E como eu poderia negar uma ajuda de uma amigo? Uma oração por você?

Um segredinho nosso é que a cada  momento que a mamãe ia ao banheiro ela dizia baixinho : "Hora de fazer xixi junto com a mamãe!"(hoje me pergunto se você dava conta disso? Parei de falar por isso? Você pode querer, mas não sei se com suas limitações é possível?)

A cabeça da mamãe estava confusa, os nervos a flor da pele...um misto de medo e esperança. Será que é possível tanto contraste? Mesmo com toda fé e certeza na providência divida(que seja feito a vontade de Deus e não a nossa), o medo era inevitável. Medo de perder você, de você sentir dor, medo do resultado do exame....e no meio de tudo isso, a fé que transporta montanhas, a esperança de que tudo se resolveria e a vontade, muita vontade te ver bem, feliz e, principalmente, com saúde.

Mas o resultado não foi o esperado...ouvir que você não teria chance de viver foi incalculável, imensurável, indescritível....(não consigo pensar em nenhuma palavra para transcrever o que Eu senti, o que seu Pai sentiu)

Como eu poderia te salvar meu filho? Eu poderia fazer alguma coisa? Confiar em Deus...entregar...aceitar...ceder...

Um dilúvio enchia nosso barco, será que ainda dava tempo de acordar Jesus?


quinta-feira, 12 de março de 2015

Pesadelo

Não sei se este título é o mais adequado...Talvez eu me arrependa, quem sabe "Susto", "Medo", "Angustia"...Eu poderia escolher outras palavras, mas hoje não consigo pensar em uma para substituir. Amanhã ou depois de amanhã (quem sabe daqui um tempo) em uma nova edição do blog, talvez, eu mude.

Não filho, você não é um pesadelo, é um sonho, meu amor...Mas a notícia no ultrassom de 17 semanas de que havia algo fora da "normalidade padrão médica" com você foi um pesadelo.

Era uma quinta-feira, depois do carnaval, estava presente a vovó, Maristela, e o papai, Kleber:  Yasmin ou Samuel? Todo mundo queria saber. As apostas eram muitas, mas Papai tinha certeza que seria menina, e Eu, a mamãe, não tinha preferência(de coração).

A Doutora Marina Zaramella era a responsável pelo ultra, sendo muito simpática e solicita. Mas quando iniciarmos o exame ela fez uma expressão muito estranha (até então sempre fazíamos o ultra com Dr. Milton do CEU), ao mesmo tempo, as imagens do ultrassom mostravam uma "bola", o que era aquilo? A sala estava fria, não sei se pelo lado emocional ou pelo ar condicionado...A Mamãe aqui tremia de frio, de medo, de angustia e de impaciência...Foram os 10, talvez 20 minutos, mais longos da nossa vida.

Foi então que eu percebi que para a Doutora Marina e para todos nós presentes naquele momento saber se você era menino ou menina não era o mais importante, mas saber o que era aquela bola enorme. O que estava acontecendo com você? Estava bem?

Mamãe só via sua cabecinha e esta bola enorme. Até que a médica disse que não dava para saber o sexo porque você estava com uma bexiga enorme, com cerca de 6 centímetros...E isso significava que você não conseguia fazer xixi. Foi aí que eu descobri que quase 90% do liquido amniótico (responsável por ter envolver e te proteger dentro da minha barriga) é composto pelo seu xixi!

O choro foi inevitável, meu, da vovó e do papai, mas quem sabe não era só um pesadelo e amanhã tudo se resolveria? Iriamos acordar no outro dia pensando que foi só um sonho ruim, daqueles que parecem muito reais...

Eu só pensava em você, no seu sofrimento, se estava sentindo dor...e Eu só queria amenizá-la! Mas como?

p.s: Pesadelo - é um sonho penoso com sensação de opressão torácica e dispneia, terminando por um despertar sobressaltado ou agitado e com ansiedade.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A descoberta


Filho,

Acho que a minha vida inteira sonhei em ser mãe...sempre fui apaixonada por crianças! Elas remetiam sempre a brincadeiras, molecagem, doçura e inocência. Quanta alegria foi descobrir no dia 03 de dezembro de 2014 que estava grávida, depois de quase um ano de tentativas, ansiedade e frustrações...A cada mês sonhava (e sonho) com a barriguinha crescendo, de como você seria (será) parecido comigo ou com o papai...dos beijos, cheiros e risadas que daríamos(vamos dar?) juntos.Eu nunca mais me sentiria sozinha ou com medo do futuro... A cada enjoo( e eu tive muitos) eu não reclamava, as vezes, até sorria, agradecia a Deus por este momento. Pelo dom de gerar um filho...
E só falava de você: do seu quartinho, de como seria quando eu fosse trabalhar, de roupinhas, sua educação...Papai dizia que eu não tinha mais outro assunto. Mas não tinha jeito minha vida agora gira em torno de você: o amor da mamãe!!!

Te amo!