sábado, 10 de outubro de 2015

Agradecimento

Agradeço pela oportunidade de ser mãe.
por  ter carregado um filho durante 33 semanas.
por ele não ter morrido dentro de mim.
por ter sido avisada sobre sua má formação e sua morte desde as 17 semanas de gestação.
por ter descoberto que meu filho era um meninão quatro dias antes dele morrer.
pelos 35 minutos de vida dele.
por carregar, beijar, acariciar seu rosto e ver seus olhos abertos.
por poder dizer algumas palavras que estão eternamente gravadas em mim.
pelo quarto cheio de visitas depois de sua morte.
por todos os telefonemas que recebi.
pelo enterro mais sereno que já fui.
pelo amor verdadeiro da minha mãe, principalmente, durante os últimos quatro meses.
pelo Kleber e seu companheirismo e amor. E, claro, por chorar e enxugar minhas lágrimas todas as noites.
pelo Gordo (esse buldogue da foto), que mesmo tendo ficado pouco tempo, cumpriu sua missão canina de me alegrar pelos meses mais difíceis da minha vida.
pelo amparo espiritual e físico.
pelo amor.
e por aprender a agradecer...todos os dias.

Por quê, junto ou separado?

É impossível passar pela morte de um filho e não questionar Deus, mesmo que por alguns segundos.
Não perguntar por quê? Não perguntar a causa?
É impossível não fazer comparações: com mães, com outras grávidas, com outras histórias de vida...
Sempre tem gente pior. Mas sempre tem gente vivendo algo que eu queria viver...
E as perguntas vieram.
E as idiotices da mente também: a culpa, o remorso, as brigas, o ódio de mim,  a raiva da vida...
A mente que mente.
Vieram também a cobiça, a inveja...Sim, eu sei, é feio.
Mas eu não posso negar que em algum momento do luto eu cometi esses e outros pecados capitais...
Fiz promessas, trocas com Deus...mas nada mudou a minha realidade.
Me achei boazinha, me achei má, forte e, na maioria das vezes, fraca.
Veio o questionamento de onde Deus estava no momento da minha dor.
Como ele permitiu tamanho sofrimento em minha vida?
E as perguntas, os porquês, para quês inundaram minha mente, meu coração...e até me sufocaram evocando, inconsequentemente, choros desmedidos e soluços incontroláveis,
Mas depois que cessam as perguntas e as respostas concretas não chegam...só nos resta criar as nossas respostas. E eu criei as minhas.
E, agora, caminho com fé, tentando aceitar que há algo muito maior que minha inteligência não consegue enxergar.
Foi para crescer? Sim! Mas não tinha outro jeito? Não sei...
Talvez um dia eu encontre as respostas.
Enquanto isso vou lutando com Deus, ficando manca e, mesmo assim, pedindo a benção...